Os vinhos de Bordeaux
são mundialmente famosos e referência para consumidores e produtores em
todos os cantos do planeta. Com o tempo, o estilo da bebida e as
variedades de uva nela encontradas passaram a ser replicadas mundo
afora, com muitos criando blends no estilo bordalês. Mas, o que seria
isso?
Atualmente, a região de Bordeaux, que engloba mais de 120
mil hectares de produção, tem a seguinte divisão em variedades tintas:
65% Merlot, 23% Cabernet Sauvignon, 10% Cabernet Franc e 2% de outras castas, entre elas Petit Verdot, Malbec e Carménère.
Já entre as brancas a divisão é: 49% Sémillon, 43% Sauvignon Blanc, 6%
Muscadelle e 2% de outras cepas, entre elas Colombard, Merlot Blanc,
Sauvignon Gris e Ugni Blanc.
Ou seja, quando falamos de blend, ou melhor, da mistura de variedades em tintos de Bordeaux, estamos falando basicamente de Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, esta última costumeiramente em proporções já diminutas, além de outras possíveis cepas auxiliares, em quantidades ainda menores.
Cada Châteaux pode escolher livremente a proporção das variedades que usará em cada vinho, em cada ano. No entanto, obviamente que os números tendem a não variar muito, pois a ideia é que os vinhos sejam consistentes safra após safra.
Em termos gerais, produtores das denominações da margem esquerda do rio Gironde, como Médoc, Margaux e Pauillac, por exemplo, tendem a usar uma proporção maior de Cabernet Sauvignon em seus vinhos. Já os produtores de denominações situadas na margem direita, como Pomerol e Saint-Émilion, por exemplo, costumam utilizar mais Merlot e Cabernet Franc, com o Cabernet Sauvignon sendo menos prevalente.
Mas, como dito anteriormente, cada produtor tem liberdade para selecionar as uvas que usará em seu vinho, pois as regras das denominações não costumam delimitar as proporções das variedades. Portanto, quando vir o termo “blend bordalês”, é bastante provável que você encontre uma mescla de Cabernet Sauvignon e Merlot, provavelmente acrescida de outras castas.
Por que blend?
Vinhos 100% varietais são extremamente raros em Bordeaux e isso deve-se à história da região, que tradicionalmente produziu blends. Isso se deve, entre outros fatores, à variação das castas de safra para safra. Há muitos anos, os bordaleses aprenderam a não apostar todas as fichas em uma única cepa, pois, caso algo ocorresse (uma doença ou mesmo alguma intercorrência climática) e ela tivesse um desempenho abaixo do esperado, podia-se compensar com o uso de outra cepa. Ou seja, se a Cabernet Sauvignon não tivesse tido um bom ano, podia-se usar uma maior proporção de Merlot, por exemplo.