A produção de vinhos de talha é uma prática tradicional em Portugal. Ainda hoje, nas zonas do Alentejo, com maior cultura de vinha, são inúmeras as casas particulares que conservam talhas, onde se fazem vinhos para consumo próprio. Frequentemente, as uvas para essas produções privadas são recolhidas dos cachos que, depois da vindima, ficaram esquecidos nas vinhas dos maiores viticultores, na maior parte dos casos com seu consentimento. O chamado “rabisco das uvas” é uma tradição ancestral que permite, a quem não possui vinhas próprias, continuar a fazer seu vinho. Separamos alguns rótulos deste estilo. Confira!
Casa Agrícola Alexandre Relvas, Alentejo, Portugal (Cantu R$ 180). Tinto composto de Aragonês, Moreto e Trincadeira, elaborado com a mínima intervenção e inspirado nos métodos ancestrais de vinificação em ânforas de barro, muito comum no passado do Alentejo. Mais de boca que de nariz, é tenso e suculento, tudo em meio a muita fruta negra e vermelha fresca, taninos cheios de textura e vibrante acidez. As notas florais, terrosas, de ervas aportam certa complexidade ao conjunto, pedindo um segundo gole. Fluido e vertical, esconde atrás da facilidade com que se bebe, a força e a persistência de um grande vinho. Álcool 13,5%. EM
HERDADE DO ROCIM AMPHORA TINTO 2017
Herdade do Rocim, Alentejo, Portugal (World Wine R$ 238). Tinto composto de Moreto, Tinta Grossa, Trincadeira e Aragonez, com fermentação espontânea em talhas de barro, com os engaços. O resultado da utilização desse método de vinificação ancestral no Alentejo é um vinho fresco, vertical, gostoso de beber, impressionando pela textura de taninos e pela refrescante acidez. Tem final persistente, com toques salinos, de ervas e de ameixas. Álcool 12%. EM
José Maria da Fonseca, Alentejo, Portugal (Decanter R$ 137). Tinto elaborado a partir de uvas Grand Noir, Trincadeira e Aragonês advindas predominantemente de solos graníticos, com parte fermentada em ânforas de barro e estágio de nove meses em barricas de carvalho francês e americano. Delicados aromas de framboesas e cerejas envoltos por notas florais e de especiarias doces, além de toques terrosos e de ervas secas. No palato, esbanja fruta fresca, tem acidez vibrante, boa textura de taninos e final persistente, com toques de ameixas e couro. Álcool 14%. EM
Encostas do Alqueva, Alentejo, Portugal (Sem importador). Tinto elaborado a partir de Moreto Preto e Castelão, com todo o processo de vinificação executado em talhas de barro (ânforas), desde a fermentação, sempre com leveduras indígenas, até o engarrafamento, respeitando as normas da Comissão Vitivinícola da Região – CVR – do Alentejo para poder ser certificado como “Tinto de Talha”. O resultado é um vinho cheio de fruta, vivacidade e frescor, com uma rusticidade gostosa, que passa uma sensação agradável de leveza, convidando a mais uma taça. Álcool 12%. EM
Susana Esteban, Alentejo e Bairrada, Portugal (Adega Alentejana R$ 715). Nesta versão, foram convidados o casal Filipa Pato e William Wouters para elaborar este tinto a partir de uvas 50% Baga advindas de um vinhedo de mais de 100 anos na Bairrada e o restante vindo de um vinhedo de castas variadas em São Mamede, no Alentejo. Ambos os vinhos fermentaram e estagiaram em ânfora e o resultado é surpreendente, pois consegue unir a estrutura, a força e a textura de taninos da Baga com o lado frutado, floral e de volume de boca trazidos pelas castas do Alentejo. Fresco e profundo, tem acidez vibrante e final longo, com toques salinos. Álcool 12,5%. EM